terça-feira, 30 de novembro de 2010

TIPOS DE SUSHI

NIGUIRI-ZUSHI

     Literalmente quer dizer “com os dois dedos”, e é o sushi preparado da maneira mais tradicional: um punhado de shari (arroz avinagrado) coberto por uma fatia de peixe ou outro ingrediente, com uma leve camada de wasabi no meio.
     O tamanho do bolinho de arroz é importante. Se muito grande, faz o sabor do peixe desaparecer dentro da boca; se muito pequeno, a combinação de sabores é distorcida.
     Apesar de fatias de peixe serem o tope mais comum, também se pode fazer niguiri de kai(mariscos), ika(lulas), tako(polvo) e vários outros ingredientes (legumes, omelete, etc.)



GUNKAN

     Esta variante de niguiri-zushi é usada em duas situações: quando o tope não se presta à função de recheio, pois fica esmagado, ou quando se deseja destacar o sabor do tope. O bolinho de arroz é enrolado num cilindro de folha de alga(nori), de modo que, na parte de cima, sobre um pouco de nori acima da superfície do arroz: o ingrediente de tope é colocado ali. O fato de o tope sobressair ao limite da nori dá ao conjunto uma aparência de navio a vela – daí o nome japonês, que quer dizer “navio de Batalha”. Os ingredientes mais comuns do gunkan são as ovas, muito delicadas, e os pedaços pequenos de mariscos. Aqui em Fortaleza, devido à paixão cearense pelo salmão, é muito apreciado o gunkan-shake (bolinho de arroz enrolado num cilindro de salmão, com tope de salmão temperado com cebolinha e maionese)








MAKI-ZUSHI

     O significado da palavra maki é “enrolado”, sendo que qualquer sushi enrolado em alga leva a denominação genérica de nori-maki. Este sushi é mais gostoso comido de imediato, enquanto o nori está crocante e antes que o arroz o umedeça.A seguir as quatro categorias básicas de maki-zushi.



HOSSOMAKI

     A tradução é enrolado fino. Uma folha de nori (alga marinha) é colocada na esteirinha de bambu (sudarê). Sobre ela vai o shari e, no meio, o ingrediente de recheio. Depois, enrola-se toda a esteira, bem apertada, obtendo-se um cilindro, o qual é fatiado e servido em pequenas unidades.Os recheios variam, sendo os mais tradicionais o tekkamaki (atum) e o kappamaki (pepino). No Ceará são muito apreciados o shakemaki (salmão) e o philadelphia (salmão com cream cheese).

FUTOMAKI

     O termo pode ser traduzido como “enrolado grande”. Admite recheios variados, como por exemplo tamago-yaki (omelete japonesa), kampio (cabaça), farinha de peixe, cogumelos, etc. Enrolado como um grande rocambole, é cortado em fatias, de modo que o cliente possa abocanha-las inteiras.

URAMAKI

     È o hossomaki invertido: a alga nori fica por dentro do arroz, o que propicia que este possa ser coberto com qualquer ingrediente que grude, tais como gergelim moído ou pequenas ovas. Invenção relativamente nova dos norte-americanos (que em geral não gostam de nori), ganhou popularidade no Brasil.


TEMAKI

     Temaki quer dizer “enrolado na mão”. No Japão é um tipo de sushi muito apreciado pelas crianças e jovens. No Brasil é a “febre” do momento: este sushi foi adotado pelos jovens para substituir o lanche “pós-balada” na madrugada. Este sushi tem que ser comido de imediato para a alga não ficar “borrachuda”.


CHIRASHI-ZUSHI

     É a maneira mais simples de preparar e servir. Em japonês, a palavra significa “disperso” ou “esparso”. Numa caixa laqueada coloca-se uma camada de arroz, por cima da qual se dispõe vários tipos de peixes, mariscos, ovas e outros ingredientes.

INARI-ZUSHI
     Nesta preparação, o shari é misturado com vários ingredientes e depositado numa pequena bolsa de tofu frito. Tipo de sushi muito apreciado na colônia japonesa.


A HISTÓRIA DO SUSHI

     Por influencia da cultura budista, os japoneses sempre tiveram repulsa por carne de animais ou de aves, tipo de alimento que só foi admitido no Japão após a era Meiji (1868). O peixe era e é a mais tradicional e rica fonte de proteínas da dieta nacional, e os mares que cercam o país são provavelmente os mais ricos do mundo em pescados, frutos do mar e até mesmo em algas, ricas em vitaminas e ferro.
     Tamanha riqueza deriva das grandes profundidades desses mares, cujo fundo está em constante turbulência vulcânica. Sob o arquipélago de mais de 3.600 ilhas, o encontro de correntes marítimas abissais se encarrega de espalhar os minerais imprescindíveis à cadeia alimentar submarina. Esse processo engenhoso da natureza faz com que os frutos do mar do Japão sejam os mais deliciosos do mundo (e se tornem ainda mais gloriosos depois de passar pelas mãos dos mestres da culinária nipônica). Em contrapartida, a terra arável é pouca e montanhosa.
     Um fato é notório: no Japão, todos os dias, todas as pessoas, em pelo menos duas refeições, comem algo do mar, por consumo direto (peixes, mariscos, algas) ou indireto(a alga kombu no arroz, o peixe seco katsuobushi na sopa, por exemplo).
     Não há registros precisos de quando começou o hábito japonês de comer peixe fresco cru (sashimi). No final do século 14, os primeiros portugueses a aportarem no Japão já notaram esse costume local, considerando-o bárbaro e exótico (apesar de os próprios lusitanos serem grandes apreciadores de ostras frescas e cruas). Já naquela época, o peixe era comido com molho de soja (shoyu) e misturado a vários agentes de sabor.
     Historicamente, o consumo de peixe cru, misturado a molhos e temperos, sempre fez parte da dieta alimentar de vários países e culturas. Os arenques da Escandinávia, as ostras da França, os ouriços-do-mar do Chile, o ceviche peurano, o muk-tuk esquimó e o caviar do Cáspio são exemplos de que o gosto por delícias do mar frescas ou cruas não é privilégio japonês. No litoral sul brasiloeiro, os sambaquis (colinas surgidas do acúmulo de conchas, cascas de ostras e outros restos de comida dos habitantes do Brasil pré-histórico) também demonstram a existência desse hábito entre nossos primitivos índios. Se abrirmos o leque para as comidas cruas em geral, não podem faltar ba lista clássicos culinários como o carpaccio, o kibe cru, o steak tartar, o gravlax, e tantos outros pratos.
     O uso do vinagre para a conservação de alimentos é antiqüíssimo, havendo referencias desde o Antigo Egito, passando pela Babilônia, Roma e todo o Oriente. A combinação peixe e vinagre, por sua vez, constitui a base de muitos molhos. Os romanos usavam e abusavam de uma pasta de peixe feita com vinagre (garum), usada como base para inúmeros pratos, e os povos do Sudeste Asiático a empregam até hoje como item indispensável de sua culinária. Poderoso anti-séptico, o vinagre evita o desenvolvimento de bactérias, daí sua importância na conservação de alimentos.
      Em outras parte da Ásia, porém, o peixe era conservado em arroz. Pesquisas históricas atuais apontam que essa técnica de conservação surgiu provavelmente em Mianmar, país cujas montanhas abrigavam o cultivo do cereal e onde havia muito peixe de água doce. Era uma solução que permitia estocar alimentos para eventuais períodos de escassez – isso tudo cerca de 500 anos antes do início da era cristã.
     A origem do sushi é obscura e remonta há muitos séculos. Os ideogramas da palavra são de origem chinesa e tem a nada atraente significado de “tripas de peixe salgadas”.

Num ancestral exemplo de bom senso de marketing, ao fazer a transcrição fonética para seus próprios ideogramas os japoneses mudaram a palavra . o primeiro ideograma, su, significa felicidade; o segundo, shi, quer dizer presidir. Assim, a palavra designa algo como “presidir a felicidade”, o que, numa interpretação livre pode ser entendido como “comer peixe, feliz”.
     Embora não se saiba bem onde termina a verdade histórica e onde começa a lenda, acredita-se que os pescadores conservavam o pescado utilizando uma papa de arroz cozido, misturada com vinagre (su) do próprio arroz. A preparação consistia em limpar o peixe – em geral, carpa -, fatia-lo em filés e salga-los. Cruas (ou às vezes cozidas ou grelhadas de leve), as fatias eram cobertas com a papa. Por cima de tudo, punha-se uma pedra para pressionar o alimento. O peixe tornava-se avinagrado, mas perfeitamente comestível por muito tempo, com o arroz, ajudado pelo vinagre, produzindo ácido láctico para impedir a formação de bactérias. Apesar do avanço das tecnologias e conservação, esse método sobrevive em aldeias remotas do Japão e de muitos países do Sudeste Asiático. As populações locais o consideram melhor do que as técnicas de desidratação, salga, refrigeração ou congelamento, Alegando que as propriedades e o sabor do peixe são mais bem preservados.
     Esse seria o sushi original no Japão, e o primeiro documento formal que o atesta data de 700 d.C. O processo primitivo, contudo, levava de um a três anos para completar, e, na hora de comer, a papa do arroz tinha de ser descartada. Por volta de 1500, a técnica mudou e introduziram-se outros peixes além da carpa. O prazo de maturação diminuiu para um ou dois meses, e às vezes o arroz era comido. Em cerca de 1700, o peixe passou a ser colocado sobre o arroz avinagrado e prensado dentro de caixas retangulares de madeira. Demorava um mês para ficar adequado ao consumo.
     A versão moderna mais aproximada do sushi original é da região de Kansai, onde ficam Nara, Osaka e Kyoto. Nara foi a primeira capital do Império Japonês e diz-se que lá nasceu o primitivo sushi, como alimento para a Cerimônia do Chá. Era feito principalmente com carpa, chamava-se nare-zushi e seguia a modalidade avinagrada descrita anteriormente, sempre se descartando o arroz. Não por acaso, nessa região, até hoje permanece a preferência por peixes avinagrados, embora a carpa raramente seja consumida crua na atualidade.
     O surgimento do sushi tal como o conhecemos, no entanto, é relativamente recente. Há documentos que atribuem a um certo Hanya Yohei a idéias de combinar peixe cru fresco com uma porção de arroz avinagrado moldada com os dedos. Isso teria acontecido em Tóquio, em 1824. Capital do Japão moderno, a cidade se caracterizava pela vida agitada. A espera de semanas para que o peixe fosse preparado não condizia com os novos tempos, mais acelerados. Assim, Yohei-san, em sua banca de comidas “rápidas”, logo ganhou fama.
     A evolução desse achado conquistou todo o Japão, a ponto de surgirem inúmeras apresentações e estilos de sushi. O mais comum, e mais conhecido mundialmente, é o estilo de Tóquio, chamado de Edomae-zushi (Edo, é o antigo nome da capital japonesa). Mas, com certeza, antes de Yohei-san ficar famoso, o verdadeiro “inventor” do sushi deve ter sido algum anônimo faminto e afoito, que, sem paciência para esperar o tempo de conserva, acabou comendo o peixe ainda fresco e – principalmente – o arroz levemente avinagrado, antes de fermentar.
     Outro fator que contribuiu para a popularização nacional do sushi data da ocupação norte-americana do Japão, ao fim da Segunda Guerra Mundial. Devido à escassez de arroz para alimentar tanta gente, as autoridades responsáveis pelo racionamento da comida decretaram: um cupom equivalente a uma tigela de arroz poderia ser trocado por oito sushis. É claro que ninguém deixava escapar essa mamata.
     Conquistada a preferência nacional, o sushi foi lenta e silenciosamente – bem à maneira japonesa – seduzindo o mundo com seu sabor, sua beleza, sua riqueza nutricional e suas constantes inovações.

                                          Prato com os tradicionais sushi niguiri

                                          Prato com sushis contemporâneos

O ARROZ JAPONÊS

     O arroz é tão essencial para os japoneses que seu nome – gohan – também significa refeição. Assim como nós brasileiros, dizemos café-da-manhã, no Japão se usa o termo assa-gohan para designar o desjejum. Originário da China e cultivado no país desde 300 a.C., este cereal tem importância enorme na vida do arquipélago, a ponto de justificar a existência de um departamento, ligado diretamente ao primeiro-ministro, com a tarefa de controlar o estoque, a qualidade e a distribuição do produto.
     Anualmente, o Imperador em pessoa dá início ao plantio, em solenidade religiosa de grande pompa. No passado, a diferença entre uma boa safra, abençoada pelos deuses, e uma safra pobre era a diferença entre a vida e a morte pela fome. A riqueza de um homem se media, então, em “koku”, uma antiga medida de volume de arroz, sendo os pagamentos e as doações feitos nessa moeda.
     Hoje em dia, vários países do mundo, inclusive o Brasil, produzem arroz do tipo oriental de alta qualidade. Ainda que nós, brasileiros, desdenhemos do prepara tipo “unidos venceremos”, sem nenhum tempero, o arroz à maneira oriental tem sabor sutil e aromático e faz bem ao aparelho digestivo. É virtualmente o pão dos orientais, presente em todas as refeições. A partir dele, além de centenas de pratos, obtém-se de tudo: do sakê aos doces.
     Se você quiser vivenciar a experiência do “Gohan” (arroz japonês), vá a um restaurante japonês e peça uma porção, e para acompanhá-lo, peça, de acordo com
a sua preferência, um sashimi ou um grelhado (veja que ao contrário da cultura ocidental o arroz é o principal e não acompanhamento). Se você for destro, pegue
a cumbuca de gohan com a mão esquerda, e com a mão direita você vai manusear
o hashi; você deve comer alternadamente e mastigando pacientemente (com o espírito zen),  o gohan e o acompanhamento. A princípio não coma com expectativa de sabores
acentuados pois o gohan tem um sabor sutil. Com o tempo você vai perceber um sabor
sublime que evoca a nozes (acho que viajei...)

                                  RECEITA

  1. GOHAN (Arroz branco)
Ingredientes: .2 xícaras de arroz japonês
                      .3 xícaras de água
Modo de fazer: .Lavar esfregando e trocando a água 3 vezes
                         .Adicionar a medida de água e deixar descansar por 10 minutos
                         .Ligar a panela elétrica.
                         .Após o desligamento da panela, deixar descansar por 10 min.



domingo, 7 de novembro de 2010

A CERIMÔNIA DO CHÁ

     Existem várias lendas que tentam explicar a origem do chá; uma das mais interessantes diz que a 5000 anos atrás o imperador chinês Shen Nong tinha o costume de aquecer sua água para beber. Um dia três folhas trazidas pelo vento caíram na água, e esta infusão adquiriu uma coloração interessante. Shen Nong não resistiu à tentação de sentir o aroma e o sabor dessa nova e casual descoberta: o chá.
     No século IX o monge budista Eichu levou uma espécie de chá (danchá) quando retornava da China para o Japão. No século XII outro monge budista (Eisai) levou o “matchá” (chá verde) para o Japão, também quando retornava da China.
     Aos olhos ocidentais, a cerimônia do chá é o simples ato de beber chá acompanhado de alguns docinhos japoneses. Mas para os japoneses o “Chanoyu” (cerimônia do chá) é um ritual cheio de significados espirituais para se servir e tomar o “matchá” (chá verde pulverizado). Segundo o ritual, os convidados entram antecipadamente na sala de chá (uma sala simples com tatame), para se desligarem do mundo exterior e de suas preocupações. Em seguida são servidos os docinhos japoneses. Finalmente entra na sala a “chajin” (geralmente uma senhora, vestida a caráter, responsável por servir o chá). A “chajin” inicia o ritual purificando os utensílios; em seguida ela prepara o chá, sempre com movimentos suaves, e finalmente serve o “matchá” para os convidados. Depois que os convidados se servem, a “chajin” ainda purifica os utensílios utilizados. Os princípios da cerimônia do chá são: “wa” (harmonia), “kei” (respeito), “sei” (pureza) e “jaku” (tranqüilidade).
     Para nós que levamos o estilo de vida cada vez mais corrido deste início do século XXI, não é fácil compreender tanto significado neste ritual. Mas acho que vale a pena tentar absorver um pouco da filosofia dessa cerimônia dentro do nosso dia a dia, criando para nós alguns momentos “zen”. Por que não fazemos isso na próxima vez que formos nos deliciar com um prato de sushi? Com certeza ficará bem mais gostoso...


"Chanoyu" - Cerimônia do Chá


Sala de Chá


Utensílios da Cerimônia do Chá

LA DOLCE VITA II

     Estou compartilhando com vocês, o menu e as fotos da segunda reunião (a que eu tinha divulgado anteriormente foi a terceira reunião) da confraria gourmet La Dolce Vita ( o grupo é composto além de mim e de Miriam, dos amigos Dani e Roberto Pighini, e Eliana e Alexandre Reis). Esta reunião aconteceu em 01 de agosto de 2010 na casa de Dani e Roberto; logo na chegada tivemos a grata surpresa da mesa divinamente preparada por Dani especialmente para o nosso jantar. Os convidados foram os queridos amigos Andrea e Marcus Novais. O menu foi:

-Entrada fria: Roll de salada verde ao molho pesto com presunto Parma, com sorvete de
  manjericão e redução de vinagre balsâmico (by Elcio).

-Entrada quente: Mini lasagna de purê de ervilhas trufado com lascas de trufa negra(by Elcio).

-Prato quente 1 – Carré de vitelo marinado em vinho branco e laranja, acompanhado de
  batatas gratinadas (by Eliana). 

-Prato Quente 2 – Magret de Canard com 2 molhos (damascos e morango com pimenta)
  acompanhado de purê de mandioquinha (by Roberto) 

-Sobremesa – Flan de côco ao caramelo com cereja (by Dani).

                                                    Mesa preparada por Dani

                                                    Roll de salada verde com Parma e sorvete de manjericão

                                                    Minha lasagna de purê de ervilhas com lascas de trufa negra

                                                    Carré de vitelo marinado no vinho branco

                                                    Magret de canard c/ 2 molhos

                                                    Flan de côco com caramelo e cereja

terça-feira, 2 de novembro de 2010

VIDEIRAS, PÁSSAROS, GALETOS E POLENTA

     Gosto muito de pesquisar a origem de pratos, e esta achei muito interessante.
A viticultura é um processo muito complexo que depende de muitos fatores para determinar o seu sucesso ou insucesso. O primeiro fator é o “terroir” que abrange o tipo de solo, clima e relevo, além dos fatores humanos da produção. Outro fator é a incessante luta contra pragas e predadores, que inclui doenças causadas por fungos e bactérias, e o ataque de insetos e pássaros. Mas ao longo dos séculos e milênios técnicas naturais foram incorporadas para proteção dos vinhedos. Roseiras são cultivadas nos vinhedos pois são mais sensíveis às doenças, dando o alerta para o viticultor proteger as videiras. Figueiras também cumprem a mesma função, além de seus frutos serem mais atraentes ao pássaros. Laranjeiras também tem os frutos entre os preferidos dos pássaros.
     Os pássaros, desta forma, acabaram entrando para o cardápio dos imigrantes italianos, que descobriram um ótimo acompanhamento para a sua apreciada polenta.
Apesar de ter sido considerada comida de pobre no início do século XX na Itália, os imigrantes adotaram a polenta devido à facilidade de cultivo do milho no Brasil.
     Depois, por razões ecológicas, os pássaros foram substituídos pelos galetos (pequenos frangos abatidos com 1 mês de vida).
     Hoje o galeto acabou se tornando um tipo de refeição típico das Serras Gaúchas: de entrada a sopa de capeletti e depois o galeto assado na brasa acompanhado de polenta frita, salada de radicce (um tipo de almeirão de fácil cultivo) com bacon, e no final, são servidas as massas italianas. Simples e delicioso!




 

O VINHO BRASILEIRO

     Nos últimos anos tive o privilégio de conhecer vinícolas no Chile, na França e na Itália. Foram viagens inesquecíveis que muito acrescentaram à minha modesta cultura enogastronômica.
      Apesar de eu ser um sulista (nasci no Paraná), nunca tinha visitado as Serras Gaúchas, e tive esta oportunidade na semana passada (de 26 a 30.11.2010). Fiquei maravilhado com a beleza e a organização desta região, que tem forte influência dos imigrantes alemães e italianos.
     Mas, uma de minhas maiores descobertas nesta viagem foi na visita à sede da Miolo Wine Group. A paisagem e a arquitetura da sede me transportaram para os vinhedos da Toscana, de Champagne... E pude perceber a seriedade do trabalho que está em andamento na vitivinicultura brasileira. Meu coração brasileiro quase explodiu de tanto orgulho; além disso fiquei sabendo que este trabalho não é exclusividade da Miolo. Vou citar algumas vinícolas que também estão trabalhando nessa revolução do vinho brasileiro: Casa Valduga, Salton, Cave de Amadeu, Lídio Carraro, Don Laurindo, Chandon do Brasil, e com certeza muitas outras
                                      
                                       MIOLO WINE GROUP
     A família Miolo trabalha com viticultura desde 1897, mas a produção comercial começou somente em 1990. Em 20 anos, a empresa tornou-se líder no mercado de vinhos finos nacionais, com cerca de 40% de market share, e uma produção de 12 milhões de litros. A empresa possui seis projetos em cinco regiões vitivinícolas brasileira: Vinícola Miolo (Vale dos Vinhedos – RS), Vinícola Almadén (Campanha – RS), RAR (Campos de Cima da Serra – RS), Lovara Vinhas e Vinhos (Serra Gaúcha – RS) e Vinícola Ouro Verde (Vale do São Francisco – BA). Além disso conta também com seis acordos de joint ventures internacionais.
     Em 2002, a Miolo começou a exportar, e hoje 10% de sua produção e vendida para mais de 20 países.
     A Miolo tem um catálogo com mais de 100 rótulos, mas eu gostaria de destacar alguns produtos que são resultado de um trabalho que busca a produção de vinhos de qualidade:
-Espumante Cuvée Millésime (Pinot Noir/Chardonnay)
-Quinta do Seival (Castas Portuguesas Touriga Nacional/Alfrocheiro/Tinta Roriz)
-Miolo Lote 43 (Cabernet Sauvignon/Merlot)
-Merlot Merlot Terroir
-Cuvée Giuseppe (Cabernet Sauvignon/Merlot)
-Sesmarias (eleito no concurso Top Ten na Expovinis 2010 como o melhor tinto
  Nacional antes mesmo de chegar ao mercado é um misterioso corte de seis uvas)
     Fiquei tão empolgado com a qualidade dos vinhos que pretendo incluir alguns destes vinhos na Carta do Soho.
     E quem sabe desta parceria com a Miolo não sejam gerados outras novidades...
      

                                          Portal de entrada da sede da Vinícola Miolo

                                          Sede da Vinícola Miolo em Bento Golçalves - RS                   
                                        
                                          Vinhedos da Miolo em Bento Gonçalves - RS

                                         Cave da Miolo - vinhos repousando em barris de carvalho

                                          Garrafas do Miolo Millésime em processo de "remuage"
  
                                         Estoque do Lote 43