domingo, 10 de outubro de 2010

CHAMPAGNE

      O champagne é um vinho branco espumante, e hoje somente o produzido na região de Champagne, no norte da França, pode utilizar esta denominação. O vinho é produzido nessa região desde o século I. Mas foi entre 816 e 1825 que o vinho de Champagne ficou célebre, devido aos 37 reis que foram coroados na Catedral de Reims. No entanto, o vinho de Champagne não tinha nada de especial, e sua acidez era elevada.  
                                          Vinhedos de Champagne
                 
     A característica espumante desse vinho surgiu por acaso, devido à dupla fermentação, que ocorria naturalmente devido às alterações climáticas que ocorriam nessa região: o inverno rigoroso e longo, interrompia o processo de fermentação sem que os vinicultores percebessem; cessado o inverno o processo de fermentação retornava, quando o vinho já estava engarrafado, e com a liberação do gás carbônico, surgiam as bolhas, e algumas garrafas explodiam.
     No século XVII um monge beneditino chamado Dom Pérignon revolucionou o processo de obtenção dessa bebida; ele foi um grande pesquisador do assunto, e introduziu entre outras melhorias a “assemblage”(a mistura de diferentes vinhos, para se obter um produto mais harmonioso). É dele a célebre frase: “Venham, estou bebendo estrelas!”.
     Outra importante melhoria do processo foi introduzida por Nicole Ponsardin, que ficou conhecida como viúva Clicquot (Veuve Clicquot), pois após a morte de seu marido Felippe Clicquot assumiu o comando da vinícola da família. Ela introduziu a “remuage”, que consiste no processo de retirada dos sedimentos gerados pela fermentação na garrafa. .
     Em outubro de 2009 tive o privilégio de visitar a região de Champagne com um grupo de amigos apaixonados pela enogastronomia (Miriam e eu, Suzi e Eduardo de Come, e Sandra e Marcel Corbeau).  Tínhamos apenas um final de semana na região, e a escolha das “maisons” (casas de Champagne) foi feita por Sandra, que mora na Holanda. Não deve ter sido uma tarefa fácil, pois as opções são inúmeras (são mais de 12 mil marcas).  
     A primeira “Maison” visitada foi a Veuve Clicquot – Ponsardin. É uma das grandes marcas de Champagne, e suas inconfundíveis garrafas com rótulo amarelo-laranja, já alegraram muitas comemorações pelo mundo. A “Maison” tem uma imponente sede, com uma estrutura organizada para receber visitantes, e se você não fizer uma reserva antecipada, correrá o risco de não conseguir fazer o “tour” guiado pelas “caves”; o guia explica os detalhes técnicos da obtenção da bebida, e conta muitas histórias da vida de Madame Clicquot. O passeio termina em um “show room”, onde é oferecida uma degustação da Veuve Clicquot Ponsardin Brut. Não resistimos à tentação de adquirir um La Grande Dame (“cuvée de prestígio”: a fina flor da casa), para brindar divinamente aquele momento.


     Outra “Maison” visitada foi a Moët Chandon. É a marca de Champagne mais vendida do mundo. Também tem uma imponente sede, e assim como a Veuve Clicquot, pertence ao grupo Luis Vuitton Moët-Hennessy (LVMH). O  “tour” foi guiado por um português (finalmente a nossa língua), e foi um verdadeiro passeio pela história; sentei em uma cadeira que era utilizada por Napoleão Bonaparte em suas constantes visitas a essa “Maison”. A visita terminou em uma grande loja, e acabamos adquirindo uma garrafa do Dom
Pérignon (“cuvée de prestígio” da casa) que vamos abrir em 2011, em Amsterdan, na casa de Marcel e Sandra (esse maravilhoso Champagne ganha complexidade ao envelhecer).

     A última visita foi em uma pequena vinícola familiar, localizada em Ambonnay,  chamada Benoit Beaufort. As instalações são muito simples, e fomos recebidos pelo proprietário monsieur Benoit, em seu modesto escritório/show room. Mal sentamos na mesa ele abriu uma garrafa de Champagne, que fomos degustando enquanto ele nos contava sobre a sua rotina de trabalho. Todo o trabalho é executado por ele e sua esposa; somente no período da colheita são contratados 20 colaboradores temporários. Sem que nós percebêssemos, ele acabou abrindo 3 garrafas, e nós acabamos “degustando-as”. Daí fomos fazer uma visita em suas “caves”, e tivemos o privilégio de conhecer, com detalhes, todo o processo de obtenção do Champagne e  participar ativamente do processo de “remuage” (experiência inesquecível). Voltando ao escritório, faltava a degustação do Benoit Beaufort Grand Cru Millésime 2002: divino, com o inacreditável preço de 17 euros por garrafa. –Bebemos estrelas!

    

Um comentário:

  1. Cumprimentos pelo blog e pelo post. Viagem até a fonte. Legal. Tempos atrás degustei uma Veuve Rosé 1990. Loucura! As impressões estão no meu blog. Aliás, dá uma olhada lá: www.vinhoporfavor.blogspot.com

    ResponderExcluir